Os bebês reborn, pela sua aparência hiper-realista, provocam reflexões profundas na psicanálise. Tanto Sigmund Freud quanto Donald Winnicott oferecem teorias que ajudam a compreender o significado emocional desses bonecos para seus donos. 6ic6e

             Para Freud, os bebês reborn podem ser interpretados a partir do conceito de fantasia e desejo inconsciente. Freud aponta que o ser humano vive em busca de um objeto que satisfaça uma falta original, que remonta às primeiras relações infantis.

A maternidade, por exemplo, pode ser vista como uma tentativa de preencher essa falta e reafirmar um vínculo profundo com o próprio desejo. Quando a realidade não possibilita essa experiência seja pela impossibilidade de ter filhos ou pela perda de um bebê, o sujeito pode buscar maneiras simbólicas de suprir essa ausência. O bebê reborn, então, pode funcionar como uma projeção desse desejo não realizado, permitindo que o indivíduo reviva, de forma idealizada, aspectos da infância ou da maternidade que não foram plenamente vividos.

            Winnicott introduz o conceito de objeto transicional, um elemento essencial para a agem entre o mundo interno e externo do indivíduo. Segundo ele, crianças utilizam objeto, como um cobertor um brinquedo favorito, para enfrentar a angústia da separação materna e elaborar emoções.  Nos adultos, a necessidade de objetos transicionais não desaparece; ela pode se manifestar em diferentes formas, como arte, religião ou até mesmo os bebês reborn.

                 Esses bonecos podem servir como uma ponte entre o mundo interno emocional e o mundo externo, ajudando na elaboração de lutos, ansiedades e afetos. Dentro dessa perspectiva, a experiência de cuidar de um bebê reborn pode ser uma forma saudável de estruturação emocional, desde que não limite a relação do indivíduo com a realidade.

          Enquanto Freud observa a ligação entre os bebês reborn e desejos inconscientes, Winnicott os vê como ferramentas de elaboração psíquica. O limite entre uma relação simbólica e uma fuga da realidade depende do grau de envolvimento do indivíduo e da forma como ele lida com suas emoções.

             A psicanálise, que estuda os sentimentos e desejos que muitas vezes não percebemos, pode nos ajudar a entender por que algumas pessoas se apegam tanto a esses bonecos. Segundo Freud, criador da psicanálise, muitas vezes usamos símbolos para lidar com dores e faltas que carregamos dentro de nós. O bebê reborn pode ser um desses símbolos.

             Quando alguém perde um filho, não consegue ter um bebê ou sente falta de carinho, pode projetar esses sentimentos em um boneco que parece real. Não é loucura, nem infantilidade. É uma tentativa inconsciente de preencher um vazio emocional. O bebê reborn, nesse caso, representa algo que foi perdido ou nunca existiu, mas que é muito desejado.              É importante prestar atenção quando o uso desses bonecos começa a atrapalhar a vida da pessoa. Se ela a a viver apenas para cuidar do reborn, deixando de se relacionar com outras pessoas ou de cuidar de si mesma, pode ser sinal de que precisa de ajuda profissional. Mas, na maioria das vezes, o bebê reborn é uma forma de aliviar a dor de forma silenciosa e pessoal. A psicanálise nos ensina a não julgar, mas a escutar. Em vez de rir ou criticar, podemos perguntar: “O que esse boneco representa para você?” e, assim, abrir espaço para que a dor possa ser falada eelaborada. Para alguns, eles são apenas brinquedos ou peças de arte. Para outros, são mais do que isso: uma forma de lidar com sentimentos profundos, como a saudade, a solidão ou o luto.